Adicionei uma página com as matérias mais recentes da minha trajetória, que estão mais alinhadas com a experiência que adquiri após as pós-graduações e com a vivência no setor de agronegócio e comunicação institucional.
Em Portfólio, o leitor poderá ver observações sobre cada texto e sua criação, bem como minhas anotações sobre a estratégia de cada um.
A foto abaixo é, inclusive, da minha primeira matéria onde trabalho atualmente!
Vivi esses dias a situação MAIS SURREAL dos meus 16 anos como jornalista: uma pessoa me pediu para ajudá-la a trapacear num processo seletivo!
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Mas não foi algo como fingir que fui gestora dela, fazer uma carta de recomendação, ou dar uma falsa referência: a pessoa me procurou pelo WhatsApp no meio de uma tarde, me mandou a prova e queria que eu montasse a estratégia de comunicação (gestão de crise, na verdade) pedida no teste ali, ao vivo.
Detalhe: não faço A MENOR IDEIA de quem seja e nem como chegou até mim, só sei que era um DDD do interior de São Paulo.
Foi assim: recebi uma mensagem pedindo um release. A primeira coisa que fiz foi dar boa tarde e perguntar quem era e do que se tratava. A pessoa não respondia e só sabia perguntar “Vc pode ou não fazer? É urgente”. Disse que não poderia ajudar sem saber do que se tratava e muito menos materializar um texto no meio do meu expediente e perguntei quem tinha dado meu contato. Ela também relutou em responder e, quando o fez, disse apenas “foi o Bruno” – como se eu não conhecesse pelo menos uns cinco homens com esse nome. Tornei a responder que não poderia atender naquela hora e, se ela quisesse me mandar alguma referência do trabalho, poderíamos marcar uma conversa noutra hora. Foi então que ela me mandou a foto de um briefing pedindo uma estratégia de contenção de crise para uma empresa fictícia até com o logo da empresa contratante no papel! Mal acreditei no que eu vi – só consegui responder que realmente não poderia ajudar e desejei boa sorte. Ela ainda insistiu, mandou emojis de choro e “por favorzinho, vai me ajudar muuuitooo”, mas eu parei de responder.
Me senti muito mal com essa situação e fiquei muito intrigada.
Fora o desconforto de saber que meu telefone está circulando por aí assim, fiquei pensando quem será que faz tão mal juízo de mim ao ponto de achar que eu seria cúmplice de uma completa desconhecida numa fraude – essa pessoa com certeza não me conhece, não é minha amiga e nunca deve ter tido qualquer relação de trabalho comigo. Será que foi um trote? Mas um trote para mim, para me testar e me irritar, ou um trote para essa pessoa desonesta que achou que ia se dar bem pedindo uma cola para um profissional? E que tipo de pessoa achou que eu atenderia uma demanda dessas assim, pelo WhatsApp, sem briefing, sem passar um orçamento, e para um cliente que nem quis se identificar? Ou será que alguém achou que eu sou tão “legal e boazinha” que ajudaria de pronto uma pobre pessoa necessitada de um emprego, mas que se candidatou a um cargo para o qual não tem nenhuma qualificação?
Independente da motivação, confesso que me senti humilhada com a ideia de que tem alguém por aí que me acha muito mau caráter ou muito idiota.
Claro que confio muito mais na reputação que construí no mercado esses anos todos (senão nem estaria nele até hoje) e nos feedbacks que recebo, mas foi bem ruim saber que alguém sequer me cogitou para isso. Apaguei a conversa do meu telefone, bloqueei o número e espero nunca saber de onde saiu a ideia – fiquei chateada, mas, parafraseando os Titãs, “só quero saber do que pode dar certo, não temos tempo a perder”.
Uma coisa que aprendi na vida: sempre que estiver feliz com o presente, resista à tentação de cavar o passado.
Relacionamentos antigos, falas mal ditas, rancores, faltas: se está pago, redimido e curado, não vá buscar de volta.
As pessoas mudam de ideias, amadurecem com o tempo, reveem conceitos, se corrigem, aprendem coisas novas para não errar mais.
Se a versão que você tem hoje é a melhor, para que revirar as anteriores até invalidar a atual? Até minar o equilíbrio do hoje com coisas que nem existem mais e já não fazem mais nenhum sentido, a não ser para jogar na vala todo o trabalho de evolução pessoal de cada um?
Quer um conselho? Se tiver a oportunidade de abrir um baú com fatos do passado de alguém que você gosta, não o faça. Não abra cartas antigas, não vasculhe redes sociais, não leia textos de anos atrás sem considerar que tudo muda com o tempo, o conhecimento, a vontade e os objetivos de cada um.
O passado deve ficar onde está – ou então você precisa assumir que o risco de acabar com o presente e inviabilizar um futuro é uma culpa só sua para carregar.