Gritar não atrai aviões atrasados

13 06 2011

Passei o primeiro fim de semana de junho trabalhando em um evento de sindicatos no Rio de Janeiro. Fui de avião e meu vôo atrasou cerca de três horas por conta do mau tempo no aeroporto Santos Dumont, no Rio. Assim sendo, lá fiquei eu no Aeroporto de Confins, com um netbook, um MP3 player e um jornalista das antigas para bater papo. De perda mesmo, só algum tempo que eu gastaria andando pelas ruas do Rio antes do horário do evento que eu teria que cobrir, às 15h.

Eu grito mais, logo, estou mais certo que você.

A tensão começou quando apareceu “atrasado” no painel da sala de embarque e, assim que avisaram que o vôo tinha sido cancelado, percebi que, não importa o dinheiro que o sujeito tem ou o destino do vôo, viram todos bárbaros (e que, apesar do discurso altruísta, só olham para o próprio umbigo). Foi uma profusão de discursos sobre responsabilidade e gritarias onde o que mais se ouvia era EU. Berros, ofensas, ameaças, desrespeito. Tá, não me olhe assim, eu sei que o atraso de um vôo é um motivo e tanto para se irritar, mas a falta de educação sempre me impressiona.

Gritar com o funcionário da companhia aérea, que normalmente está tão desinformado quanto você, não vai fazer o avião aparecer – vai, no máximo, aliviar a sua raiva e te dar a impressão de que você é melhor do que ele, pois ele é treinado para nunca te retrucar no mesmo tom. Protestar contra o caos aéreo é necessário, mas, ma minha humilde opinião, não é assim que vai resolver. Quer aporrinhar a companhia aérea? Que tal xingar muito no Twitter ou usar o meio mais em voga hoje em dia, o tal processo por danos morais, seja lá como isso se aplique ao caso? Pelo menos poupa muita gente de um espetáculo de falta de civilidade e você ainda ganha uma grana.

Eu também fui ao balcão da companhia para saber o que estava acontecendo, mas não levantei a voz hora nenhuma. Se fosse para gritar com alguém ali, não gritaria pelo vôo, mas por ser mal tratada. Isso sim, me tira do sério e me assusta, porque eu ODEIO gente mal educada e me dá medo imaginar onde essa explosão de intolerância (em todos os sentidos e espaços) vai nos levar. No entanto, ninguém me tratou mal – o que me faz pensar: porque tratar os outros assim, então?


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